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2018.1 Bacharelado de Teatro Encenação 01 BT29

OTTO LARA RESENDE OU BONITINHA MAS ORDINÁRIA

Texto Nelson Rodrigues
Direção Marcelo Morato

jul/2018

Espaço Sergio Britto
Unidade CAL Glória
Rua Santo Amaro 44

Além daquilo que caracteriza a obra rodrigueana, 'Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas Ordinária' traz a ponta de uma esperança, tão rara em suas tragédias. Mas seria mesmo esperança ou ironia do autor? A frase do escritor e jornalista Otto Lara Resende (1922-1992), “O mineiro só é solidário no câncer”, alucina e corrói quase todas as personagens dessa peça. O ser humano, como se questiona Edgard, seria mesmo esse mau caráter anunciado pela frase? Se isso fosse verdade, estaríamos liberados para nos render à corrupção, sem mais nenhuma bandeira, e poderíamos nos vender por 75 cruzeiros, 250 contos ou cinco milhões de cruzeiros. Tudo depende do valor do nosso passe. Edgard, protagonista da peça, tem que lidar com um desafio moral: depositar o cheque quase irrecusável que lhe oferecem para testar seu caráter ou queimá-lo, libertando-se da frase do Otto? É uma questão hamletiana. Essa obsessão não seria apenas a de Edgard, mas a de todo o mundo, principalmente daqueles que têm acesso ao que pode corrompê-los. Estaria no DNA de cada brasileiro que lida diariamente com pequenos ou grandes subornos, tendo que decidir se mantém seus princípios éticos enquanto outros sambam em sua caveira ou se se rende à corrupção e usufrui do banquete orgiástico dos que se beneficiam da miséria alheia.
O título duplo (Otto Lara Resende OU Bonitinha, mas Ordinária) nos abre outra porta de acesso à obra: a da sexualidade feminina. É grande o número de violadas nesta que é uma das peças com maior número de estupros da dramaturgia universal. O sexo aqui é meio de opressão, dominação, sustento e libertação. Mas é claro que os homens não querem permitir que as mulheres defendam e realizem suas fantasias e desejos sexuais. A prostituta será “salva” e a “ordinária” punida. A peça é apresentada sob o ponto de vista masculino. Machismo? Sim. Mas também um alerta de que ainda há muito que se conquistar no que se refere à libertação feminina e à mentalidade masculina com sua obsessão de dominar e podar o desejo das mulheres.

  • Texto

    Nelson Rodrigues

  • Direção

    Marcelo Morato

  • Cenografia

    Anne Carestiato

    Flavia Coelho

    Marcelo Morato

  • Figurino

    Anne Carestiato

    Flavia Coelho

  • Iluminação

    Wilson Reiz

  • Trilha Sonora

    Ana Parreiras

    Ângelo Bessa

  • Preparação Vocal

    Renata Frisina

  • Preparação Corporal

    Sueli Guerra

  • Operador de Som

    Anna Luiza Marques

  • Assistente de direção

    Bernardo Amorim

  • Assistência de Cenografia e Figurino

    Thainá Teixeira

  • Projeto Gráfico

    Rita Ariani

  • Elenco

    Ana Parreiras

    Ana Luisa Cardoso

    Filipe Fonseca

    Flávia Graminho

    Gabriel A. Fonseca

    Gabriela Ximenes

    Giovanni Roppa

    Henry Salgado

    Ian Lobato

    Ângelo Bessa

    Berg Farias

    José Guerra

    Juhlia Ficer

    Juliana Nalu

    Leonardo Silnes

    Lucas Guilherme de Souza

    Matheus Quintão

    Milena Abdala

    Paula Muricy

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